quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

14 Dia – de Punta Arenas – Chile a Ushuaia na Argentina, O FIM DO MUNDO.


KM Total – 7.179       De Campos dos Goytacazes até o FIM DO MUNDO (USHUAIA - AR)

KM Rodados no  dia – 418 rodados nas motos e mais aproximadamente 50 km no Ferry que cruzou o Canal do Estreito de Magalhães. 

              Quanto mais perto chegamos do “fim do mundo”, mais parece que ele fica mais longe.  Dia muito difícil.

             Tudo começou muito bem, o Ferry saia às 9 h, o horário de embarque era às 8h, e marcamos nosso café para as 7 h. Cumprimos relativamente bem a programação e fizemos as seguintes fotos da saída do hotel e embarque no Ferry.



 
              O compartimento dos passageiros era muito confortável, tinha até serviço de atendimento de bar, porém para a viagem de duas horas e meia,  nos acomodamos perto de uma encrenca de uma porta que batia com a passagens das pessoas e acabou ninguém dormindo. 


             Durante a viagem fizemos algumas fotos da travessia do histórico Estreito de Magalhães



                Encontramos com um grupo exótico de aventureiros que viajavam desde a Europa com carros antigos e uma moto Java ano 1956. O fato quase levou Sérgio a ter orgasmos. Os caras falaram para ele que qualquer peça que ele buscasse de uma JAVA seria facilmente encontrada na República Tcheca.
 
                                                                     Vejam as fotos







            Chegamos ao porto de desembarque na cidade chilena de Porvenir, e meio tensos nos dirigimos para as motos, afinal havia chegado a hora de enfrentar o  temido trecho de RÍPIO, uma espécie de estrada não pavimentada construída com pedras compactadas, que terminam ficando soltas e potencializando o risco de derrapagem e queda.   







             Descemos a rampa do Ferry, passamos por dentro da cidade, e pegamos a estrada errada, o que foi logo corrigido uns 3 km a frente. Lá fomos nós no RÍPIO.  

            No início seguimos muito  devagar, fazendo uma espécie de reconhecimento e nos acostumando a pilotar neste tipo de piso.   Depois, na medida que fomos pegando confiança, começamos a andar até a 80 km por hora com as motos dançando nas pedras,  mas com os pilotos tocando o barco.....
     










            Mas o dia estava só começando e percebemos pelo rastro, que havia uma “motoniveladora” também conhecida como “patrol” trabalhando no piso e ia a nossa frente raspando a estrada na faixa da esquerda  e jogando o material do piso para o centro da pista. 

            Continuamos em frente seguindo pelo lado direito da pista, torcendo para não cruzar com veículos no sentido contrário, o que nos espremeria  no canto,  onde as pedras estavam soltas.  

            Tudo podia até  piorar,  e piorou. Alguns km a frente encontramos a tal máquina que vinha de volta, agora raspando o centro da pista, deixando uma pequena faixa do nosso lado,   e um corredor de cerca de 80 cm de pedras soltas separando a faixa já raspada da que nós seguíamos.  Dessa forma, ficamos mais espremidos ainda.

            Não demorou e surgiu na nossa faixa espremida, um trecho inclinado para fora da estrada e com muitas pedras soltas.   E surgiu de forma repentina. 

             RESULTADO: Um a um fomos passando sem ter tempo de avisar para o que vinha atrás. Dudu derrapou e se vendo no chão decidiu acelerar e consegui estabilizar a moto,  Sergio não foi tão feliz....
COMPROU UM TERRENO”Um bom terreno, num lugar muito bonito, de frente para o Estreito de Magalhães, com uma natureza intocável e com vista para os navios que passam. Um pouco longe, é verdade, mas é dele.....
NOTA EXPLICATIVA: No jargão  dos motociclistas a expressão “comprar um terreno” significa que a moto foi para o chão, com o cara, bagagem e tudo que tem direito. Muito usada quando não acontece nada de sério com o piloto e a sua máquina.

            Bem deixando as gracinhas de lado e voltando ao relato, Sérgio não consegui segurar a moto que saiu de traseira e começou a balançar no rípio, e felizmente caiu quando já estava quase sem velocidade.   Ele não sofreu um arranhão, apenas sujou a roupa, evidenciando o quanto se deve pilotar protegido.   A moto também não teve avarias, apenas um amassadinho em um cromado que ele mesmo vai cuidar.


         
          Passado o susto, reiniciamos a viagem, afinal tínhamos rodado apenas 30 km e ainda faltavam 150 km com estradas como essas, ou quem sabe pior.

          Fomos mais devagar, é claro.

          Chegamos à fronteira do Chile com a Argentina e antes de cruzá-la,  decidimos fazer um lanche num restaurante. Também aproveitamos para deixar nossos adesivos junto com os de outros aventureiros.





            Na fronteira nos dirigimos às autoridades chilenas para os trâmites de saída, o que foi feito muito rapidamente.



           Para chegar a Aduana Argentina,  tínhamos que vencer nosso último trecho de rípio, 12 km. 

          Fui na frente seguido por um farol de moto que achava ser a moto de Otávio. Não era, tratava-se de um Argentino que informou que o grupo vinha logo atrás a “passito curto”.   Esperei mas 10 minutos e como eles não chegaram  decidi voltar. 

         No retorno, após fazer uma curva, avistei, cerca de trezentos metros a frente no meio da poeira, o seguinte cenário: um grupo de motos paradas de um lado da estrada, com algumas pessoas de pé ao lado delas. Do outro lado,  umas quatro pessoas abaixadas.  O coração veio na boca e o pensamento foi o pior possível. Ato contínuo,  vi quando alguém levantou o que seria uma roda de moto.  Aí pedi a Ele que o pior não tivesse acontecido.  

               Com calma, segui até o local para constatar que era só um pneu cortado por uma pedra do rípio e que eles haviam levado a tal roda para o outro lado da estrada para se proteger da poeira que os carros jogam com o vento para o lado onde estavam as motos.    Mal consegui descer de minha moto de tanto que tremia, isso enquanto todos riam da minha cara. Esses caras não tem coração......

Fotos da tentativa de consertar o pneu 






               O pneu era da moto de José Amaro e estava irremediavelmente cortado. Ainda tentamos por uma câmara de ar e encher com produto específico para esse fim,  mas ele não rodou 5 km e o corte do pneu também estragou a câmara de ar.   Tiramos o peso da moto e rodamos assim mesmo até a aduana.
                                     
                                                  Foi necessário resgatar Jaqueline


Com  o pneu furado, passamos na aduana Argentina. 


               Constatamos que a borracharia que havia por ali já estava fechada e decidimos pedir  ao posto da Defesa Civil Argentina que chamassem um reboque(plancha) para levar a moto até a cidade de Rio Grande, 80 km dali, onde se solucionaria o problema.
          
                                                   Enquanto isso Baby fazia novas amizades




              Decidimos dividir o grupo, pois a possibilidade de não se achar uma loja para comprar o pneu no mesmo dia era grande,  o que obrigaria a todos a pernoitar em Rio Grande. E assim seguimos  Eu, Sérgio levando Jaqueline na carona e Dudu com Baby. Ficaram,  José Amaro com Gisele e Otávio.
            
           Ainda tínhamos cerca de 300 km para rodar, já eram mais de 7 horas no horário local e sabíamos que apesar de não escurecer, a temperatura cairia vertiginosamente.  Aceleramos forte. Antes da cidade de Rio Grande, uns 10 km antes dela,  cruzamos com a PLANCHA que seguia para socorrer José Amaro.
           
                Abastecemos em Rio Grande, avisamos as esposas os motivos do nosso atraso e seguimos.
           
          A estrada que liga Rio Grande a Ushuaia, é uma das mais lindas que já passei na minha  vida. Lagos, Montanhas, Florestas de Pinheiros e Picos nevados são uma constante....   o trecho é lotado de campings e áreas de locação de cabanas para turistas, vale a pena o passeio. Pena que já estava escurecendo e o sol no horizonte atrapalhava a vista dos locais além da temperatura que caiu a menos de 6 graus.
  








                  Na estrada um dos perigos era o de atropelamento de animais silvestres, alguns extremamente curiosos ou admiradores de motocicletas

                        
               Chegamos a Ushuaia congelados, por volta das 22:30h.  As meninas quase não falavam de tanto que tremiam .   
            
               
              Abraços apertados nas duas que se juntaram ao grupo, Regina e Vera,  registro rápido de admissão no hotel e chamamos um táxi para ir a uma pizzaria forrar o estômago para poder dormir.   Não entendi porque ninguém quis ir de moto....   esse povo é estranho !!!!   vem até o fim do mundo sobre duas rodas e depois não quer ir de moto a uma pizzaria. Eles são mesmo muito estranhos.....


           Enquanto isso, 
  
               Otávio que esperava chegar a Plancha para rebocar a moto de José Amaro, pediu ajuda a dois Argentinos, Alberto e Manoel, sobre localização de borracharias em Rio Grande, o que foi feito com a maior boa vontade utilizando-se de um GPS. Localizado o melhor local para o conserto, Otávio decidiu ir de frente para poder segurar o borracheiro ou localizar uma loja para comprar um pneu.  Deixou o endereço com José Amaro  e seguiu.




                                               Embarcando a moto na Plancha. 


                Como já dissemos em outras ocasiões, a gentileza dos Argentinos é de se espantar. Os caras ajudam a  desconhecidos pelo puro prazer de ajudar, e lá foram eles atrás de Otávio para mostrar onde era a tal borracharia.

                Chegando lá, o borracheiro declarou logo que não tinha equipamento para esse tipo de conserto e Otávio decidiu comprar um pneu novo, pois só tinha mais 10 minutos até o comércio local fechar, às 21 horas.
               Adivinhem quem levou Otávio até o centro da cidade para comprar o pneu ?  Os dois argentinos, Alberto e Manuel que  a tudo acompanhavam e ainda esperaram a plancha chegar com a moto e concluir
 o serviço.

                                                        Foto dos hermanos argentinos

      
              Pneu trocado, abraços nos novos amigos argentinos, que ficaram com um cartão com o endereço do blog e prometeram nos encontrar em Ushuaia para um papo com cerveja ou café.
     
                                  Tinha que ser Otávio.... nem um pneu furado tirou seu bom humor.


               Abasteceram as motos, sacaram dinheiro no “cajero automático” e pegaram a estrada para vencer os 220 km que faltavam exatamente às 22:30 h.

             A viagem foi tensa, desgastante, e sob frio intenso, muito provavelmente com temperatura negativa. Havia a possibilidade de animais na estrada (guanacos) e certeza de ter que vencer uma serra no trecho até o destino.
       
           Para que se tenha uma idéia do nível de dificuldade, chegaram a parar no trajeto para aquecer as mãos nos motores das motos, tamanho o frio.
          
            Na chegada, enquanto se informavam da localização de nosso hotel, o esgotamento físico chegou ao ponto da moto de José Amaro, parada, inclinar-se e ele não ter força para impedir que ela deitasse. Felizmente, a bagagem e o slider evitaram o contato da moto com o chão.
            
            Por volta de 2.30 h da madrugada deram entrada em nosso hotel.
          
              Que dia......    tem gente que pensa que fazer aventura é só passear de moto e ver belas paisagens.
           
                      Amanhã é dia de manutenção das motos e descanso.    Depois conto como foi.

    

7 comentários:

  1. Caramba.. que dia!!!

    O importante é que no fim...tudo deu certo! :)

    Saudades!

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  2. Nossa muito massa!!! Dia puxado, mas tenho certeza proveitoso...Que bom que tudo correu bem!!!
    Aproveitem bastante!!!

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  3. Caraca, galera. Muita adrenalina... Quando fui ao Ushuaia cheguei à noite também, com muito frio e chuva gelada. Esse trecho de Rio Grande aproveitei mesmo na volta. É maravilhoso.
    Parabéns pelo feito. É emocionante demais chegar onde estão. Aproveitem.
    Amanhã é dia da foto memorável na baia Lapataia, né ?? Bom demais.
    Grande abraço.

    Carlos Barbuto ( Itaperuna-Rj )
    aventuraevida.blogspot.com

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  4. Bom dia Pessoal!
    Parabéns por mais essa conquista,quanto mais suada(ou gelada)maior o seu valor,continuamos todos na torcida...é isso aí,bola pra frente,abraços Edson Steglich

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  5. O importante é que chegaram!! Mais uma vitória deste grupo. Continuem com Deus!!!

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  6. Masah gurizada medonha! Benvindas as duas meninas....he he he acredito que os rapazes estavam com saudades de vocês. Mas que aventura danada tchê. Marcos, não esqueçe de pegar a ESCRITURA da terra do Sergio....ré ré ré Abração e muita energia. Aproveitem!

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  7. OLAAA ZE AMARO, OTAVIO E GISELE, FOMOS AO HOTEL COSTA USHUAIA HOJE, MAIS VOCES FORAM EMBORA!! DESEJO MUITA SORTE NO USHUAIA E NA VOLTA EM RJ!! UM FORTE ABRACO PRA VOCES E SUA FLIA!!! ALBERTO (menphys1970@hotmail.com) E EMANUEL (ema96_bocajuniors@hotmail.com) (É NOSSO ENDERECO EM FACEBOOK TAMBEM)

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